
Combinar inteligência artificial e gamificação para promover um aprendizado inclusivo. Foi com essa premissa que, em 2019, unindo psicologia e soluções tecnológicas criativas, surgiu a startup Therafy Care. Com apoio do Programa Centelha MS 1, promovido pela Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul), a empresa criou uma plataforma para promover um aprendizado inclusivo, especialmente voltado para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e demais condições.
A plataforma utiliza realidade virtual para estimular o desenvolvimento de habilidades sociais, psicomotoras e cognitivas a partir dos cinco anos. Funciona como um jogo educativo em que o “jogador” – no caso, o paciente – é imerso em ambientes que simulam situações cotidianas, como visitar a casa de um amigo ou passear no parque. A inteligência artificial mediadora, chamada “ANA”, orienta o usuário, faz perguntas sobre as emoções e sentimentos dos personagens e oferece recompensas ao completar desafios. Quando há erros, a IA fornece dicas para auxiliar no progresso.
A Therafy foi fundada pelo casal Francyelle Marques, psicóloga e mestre em Psicologia e Desenvolvimento Humano, e Antônio Almeida, administrador e especialista em tecnologia, que compartilhavam o desejo de transformar ideias em soluções que ajudassem outras pessoas. Isso ficou evidenciado no nome da empresa, que combina as palavras “terapia”, “interação” e o sufixo “fy”, que em inglês indica transformação por meio da ação.

Francyelle, que atua como diretora psicopedagógica, sempre teve a educação inclusiva como foco de sua carreira. Ao descobrir as possibilidades da realidade virtual, ela enxergou uma oportunidade única de revolucionar terapias e métodos de aprendizagem. “Em Aparecida do Taboado, cerca de 50 crianças com autismo utilizam a plataforma, enquanto em Ribas do Rio Pardo são aproximadamente 100 estudantes. Os resultados incluem maior engajamento nas aulas, melhora no foco e desenvolvimento da comunicação verbal”, detalha Francyelle.
Em 2025, a startup já está presente em oito estados brasileiros, incluindo redes públicas de ensino em Mato Grosso do Sul e clínicas em cidades como Rio de Janeiro, Curitiba e Salvador.
Desde o início, a iniciativa também contou com o apoio do Sebrae/MS por meio do Programa de Aceleração oferecido pelo laboratório de inovação Living Lab, que contribuiu significativamente para o seu desenvolvimento.
Gamificação
Atualmente, a plataforma está disponível em três planos – Imersivo, Essencial e Ilimitado – e atende profissionais da saúde, clínicas e escolas. Todos os jogos são desenvolvidos pela equipe da startup em colaboração com especialistas em psicologia e tecnologia. A plataforma, que já está em sua décima versão, utiliza equipamentos de realidade virtual Meta Quest, conhecidos por seu custo-benefício e portabilidade. Os estímulos visuais e sonoros foram cuidadosamente ajustados para evitar sobrecarga sensorial — comum em pessoas com autismo —, garantindo uma experiência agradável e eficaz.
A plataforma oferece três jogos principais, sendo o primeiro focado no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, com uso de reconhecimento de voz para mediar interações. O segundo simula atividades cotidianas, como atravessar a rua, com opções de orientação guiada. Já o terceiro promove a expressão artística e a coordenação motora por meio da pintura em realidade virtual, permitindo que os usuários explorem sua criatividade de forma autônoma.
Os usuários recebem relatórios detalhados de desempenho, que ajudam a acompanhar o progresso nas sessões. “Por ser uma tecnologia inovadora, é essencial monitorar os resultados. Realizamos pesquisas próprias e colaboramos com universidades para validar nossa metodologia”, explica Francyelle.
A startup pode ser encontrada nas mídias sociais, como o Instagram, e no site oficial.
Programa Centelha MS
O Centelha é um programa de subvenção econômica que tem como objetivo estimular a criação de empreendimentos inovadores e disseminar a cultura empreendedora no Brasil. Aos projetos selecionados, o programa oferece recursos financeiros, capacitações e outros tipos de suporte, a fim de impulsionar a transformação de ideias em negócios de sucesso.
A iniciativa é promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em parceria com a Fundect, executora do programa em Mato Grosso do Sul, com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP) e a Fundação CERTI.
O Programa Centelha MS está atualmente em sua segunda edição, apoiando 50 empresas sul-mato-grossenses, com um total de R$ 4.3 milhões, sendo R$ 2 milhões com recursos da FINEP, R$ 1.3 milhões do CNPq e R$ 1 milhão da Fundect.
Fonte: FUNDECT (Por: Maristela Cantadori, Comunicação Fundect, com informações Agência Sebrae)