Pesquisadores desenvolveram uma nova técnica, usando um equipamento eletrônico com capacidade de reproduzir sinais vibratórios que percevejos usam para se comunicar, interferindo e evitando a reprodução, e ajudando no controle de pragas agrícolas.
O projeto desenvolvido é resultado de uma parceria da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF), da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Fundação de Amparo à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) e do Governo do Estado de Mato Grosso, através da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT).
O uso de sinais vibratórios representa uma nova abordagem na ciência para o controle de pragas agrícolas, como os percevejos da família Pentatomidae, conhecidos popularmente como marias-fedidas. Esses insetos, que compreendem cerca de 900 gêneros e 5 mil espécies, têm sido alvo de estudo para desenvolver tecnologias que possam ajudar os agricultores a gerenciar suas populações de forma mais eficaz e sustentável.
O dispositivo criado para esse fim é composto por vários módulos, incluindo uma fonte de energia, um módulo de áudio para captar os sinais vibratórios dos insetos, um módulo de armazenamento para gravar esses sinais, um módulo amplificador para amplificar os sinais e um microcontrolador para gerenciar o funcionamento do dispositivo. Além disso, há interfaces de comunicação com o usuário e de saída para conectar dispositivos reprodutores, como alto-falantes.
Os sinais vibratórios são uma forma importante de comunicação entre os percevejos, permitindo a troca de informações sobre o sexo, receptividade para a cópula e distribuição espacial. Esses sinais são produzidos pelo abdômen dos insetos e transferidos para os tecidos das plantas por suas patas, onde também estão localizados os receptores sensoriais dos sinais vibratórios.
“A aplicação dessa tecnologia pode representar uma alternativa ao uso de produtos químicos na agricultura para o controle de pragas. Atualmente, os inseticidas sintéticos são amplamente utilizados, mas seu uso excessivo pode causar danos ao meio ambiente e à saúde humana. Além disso, o uso repetido desses produtos pode levar ao desenvolvimento de resistência por parte das pragas, tornando-os menos eficazes ao longo do tempo, tornando essa abordagem mais sustentável, e reduzindo o impacto ambiental”, ressaltou o pesquisador Tadeu Miranda de Queiroz, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat).
A pesquisa é um dos primeiros estudos no mundo usando a aplicação de comunicação vibracional para o manejo de pragas (percevejos) na agricultura. Os cientistas depositaram em dezembro/2023 a patente da tecnologia no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INP). Fazem parte da equipe, Élio Santos Almeida Junior, Miguel Borges, Maria Carolina Brassioli Moraes e Raúl Alberto Laumann.