Para quem não aprecia a salada comum, mas precisa de uma alimentação nutritiva e saudável, um suplemento em pó produzido à base de Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc), com propriedades antioxidantes e prebióticas, vem sendo analisado como alternativa inovadora no segmento alimentício, por meio de uma pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) – via Programa Kunhã – CT&I no Amazonas.
O estudo intitulado “Salada Panc: uma alternativa alimentar nutritiva e de baixo custo”, coordenado pela professora do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), Campus Manaus-Centro, Jaqueline de Araújo Bezerra, desenvolve o suplemento a partir de folhagem fresca ou cozida de ora-pro-nobis (Pereskia bleo), caapeba (Piper peltatum), flores de P. bleo, o vegetal pepininho (Melothria pendula), os frutos de caferana (Bunchosia armeniaca) e, como tempero, as folhas de cipó-alho (Mansoa alliacea).
Jaqueline observa que a salada comum consumida no Brasil é composta basicamente de alface, pepino, tomate e temperada com azeite e sal, e a ideia inicial é poder substituir esses ingredientes por espécies alternativas de Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc), que apresentam um custo menor e podem ser facilmente cultivadas, além de oferecerem compostos bioativos que contribuem para uma alimentação mais saudável.
“Por esse motivo justifica o estudo das espécies de forma individual e do suplemento em pó alternativo para quem não aprecia saladas, mas tem carência de uma alimentação mais nutritiva e que pode adicionar a sopas, misturar com a farinha e outros preparos”, acrescenta a coordenadora.
Ela destaca que, conhecer a composição centesimal, propriedades físico-químicas, compostos bioativos, capacidade antioxidante, toxicidade, propriedades prebióticas e funcionalidade fisiológica são propriedades de extrema importância, para a ampla divulgação de seu uso como substituto à salada usada no cotidiano, além de agregar valor às espécies que são consideradas mato ou praga e incentivar, também, o cultivo das espécies por agricultores familiares, para aumentar sua renda com a venda de espécies alternativas.
“A pesquisa contribui com a caracterização química de espécies de Panc, bem como avalia a eficácia e segurança como contribuição para a comunidade científica e social, para o consumo de uma salada nutritiva alternativa com Panc, ricas em compostos bioativos, com propriedades antioxidantes, prebióticas e de baixa toxicidade, assim como de baixo custo, contribuindo com agregação de valor às espécies vegetais, seus subprodutos e gerando renda para os agricultores familiares, cultivadores dessas espécies”, defende Jaqueline.
Segundo a pesquisadora, as espécies foram coletadas no Ifam. As folhas e flores de ora-pro-nobis, folhas de cipó-alho e caapeba-do-norte, frutos de pepininho e caferana foram analisados individualmente de forma fresca para consumo como salada e a mistura da salada Panc, que é desidratada em estufa de ar circulante para a formulação do suplemento em pó.
A pesquisa contou com o apoio de uma equipe de pesquisadores de formação multidisciplinar e parcerias de pesquisadores do Ifam, da Universidade federal do Amazonas (Ufam), Universidade Federal da Paraíba, e Universidade Federal de Viçosa, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), e das alunas Débora Nogueira Cavalcante, estudante de licenciatura em química do Ifam e da nutricionista Claudia Almeida Alves Vermehrem.
Sobre o Programa Kunhã – CT&I
O Programa Kunhã – CT&I no Amazonas, Edital nº 008/2022, visou financiar atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, destinadas a pesquisadoras residentes no Amazonas, com a finalidade de contribuir significativamente para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do estado, em uma das seguintes áreas temáticas relacionadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O Programa integra o Movimento Mulheres e Meninas na Ciência (MMC), da Fapeam, uma iniciativa para estimular o protagonismo de cientistas mulheres na coordenação de projetos de pesquisas.
Fonte: FAPEAM (Por: Valdete Araújo – Decon/Fapeam)
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