| Em 10/11/2023

Fapema impulsiona descoberta de um polímero natural para liberação de fármacos no tratamento para candidíase

Fiama Martins, doutora em química pela UFSCar, desenvolveu novo sistema de administração de moléculas antifúngicas para o tratamento da candidíase vulvovaginal (Foto: Arquivo/Pesquisadora)

A candidíase vulvovaginal persiste como uma preocupante questão de saúde das mulheres e, muitas vezes, seu tratamento depende de medidas terapêuticas. Novas formas de tratamento, com foco na melhor aceitabilidade da paciente e com propriedades biotecnológicas aprimoradas, vêm sendo estudadas e podem ser alternativa aos medicamentos disponíveis no mercado. Esta é a base do estudo ‘Esponjas à base de quitosana contendo clotrimazol para o tratamento tópico da candidíase vulvovaginal’, da doutora em química Fiama Martins. Ela desenvolveu novo sistema de administração de moléculas antifúngicas para o tratamento do problema.

O trabalho, que contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), foi publicado no International Journal of Pharmaceutics. O artigo é fruto do doutorado de Fiama Martins na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). A quitosana é umbiopolímero extraído do exoesqueleto de crustáceos, como lagostas, camarões, siris e caranguejos, que apresenta uma gama de aplicações na área médica, como sistemas de liberação de fármacos, curativos e engenharia tecidual.

O presidente da Fapema, Nordman Wall, destacou que a Fundação vem avançando no apoio a estudos na área de saúde, e reforça esse compromisso com projetos que façam a diferença e melhorem a qualidade de vida dos maranhenses. “É uma orientação do governador Carlos Brandão que possamos estimular pesquisas com impacto na melhoria da saúde e da qualidade de vida da população. Parabenizamos a professora Fiama pela importância que representa seu estudo para a saúde da mulher e por se destacar na série de pesquisas que a Fapema apoia”, pontuou.

Fiama Martins informou que o enfoque na saúde da mulher foi o que motivou o desenvolvimento da pesquisa. “A candida é um fungo que faz parte da microbiota natural da parte íntima feminina. Isso faz com que, naturalmente, as mulheres enfrentem episódios com a candidíase pelo menos uma vez ao longo da vida”, explicou a pesquisadora. Para minimizar os efeitos destas ocorrências, foram desenvolvidas formulações de esponjas, baseadas em quitosana eco-formuladas com poli (N-vinilcaprolactama), para a administração tópica de clotrimazol, antifúngico já utilizado para o tratamento deste problema. “As formulações mostraram baixa toxicidade para linhagens celulares, derivadas do trato genital feminino”, ressaltou.

Esponjas à base de quitosana contendo clotrimazol para o tratamento tópico da candidíase vulvovaginal (Foto: Arquivo/Pesquisadora)

Foram estudadas as propriedades físico-químicas, liberação de medicamento, citotoxicidade e atividade antifúngica das formulações testadas. Os materiais foram testados para atividade anti-candida na qual se observou que a atividade do medicamento foi mantida com sua associação aos biomateriais. O estudo da citotoxicidade, usando linhas celulares do trato vaginal feminino, indicou a biocompatibilidade dos materiais.

De acordo com os resultados apontados pela pesquisadora, as esponjas de quitosana e seus compósitos são promissoras para aplicação no tratamento de candidíase vulvovaginal, devido à sua capacidade de manter a atividade do fármaco e serem biocompatíveis. Foi constatado que altas quantidades do antifúngico clotrimazol poderiam ser incorporadas em esponjas, obtidas por meio de uma simples metodologia de liofilização. As formulações mostraram baixo teor de toxicidade para linhagens celulares, derivadas do trato genital feminino.

“Essa dinâmica nos permitiu manter o início rápido dos efeitos antifúngicos, os quais testamos em seis diferentes cepas de candida. Avaliamos que, no geral, as formulações propostas de esponjas parecem ser alternativas promissoras para o manejo seguro e eficaz da candidíase. Porém, ainda são necessárias avaliações quanto à segurança e eficácia dessas alternativas, a fim de avançarmos mais”, frisou a pesquisadora.

A Fundação foi primordial na concretização da pesquisa, disse Fiama Martins. “A Fapema contribuiu com esse trabalho na concessão da minha bolsa de doutorado, que foi fora do Maranhão. A instituição tem contribuído bastante para o meu desenvolvimento como pesquisadora, ao longo dos anos, e estou bastante feliz em ter obtido o título de doutora, graças a este incentivo”, enfatizou. Ela conta que, durante o seu intercâmbio acadêmico, teve ainda a “oportunidade de conhecer e contribuir com pesquisadores de várias partes do mundo, além de viajar por outros países, aumentando o conhecimento cultural”.

A pesquisa foi orientada pelo professor doutor do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais, da Universidade Federal de São Carlos, Emerson Camargo, tendo coautoria da médica Daniella Morgado e colaboração internacional dos pesquisadores portugueses José das Neves e Bruno Sarmento, ambos do Instituto de Investigação e Inovação da Universidade do Porto.

Ocorrência

A candidíase vaginal é uma infecção que acomete a vagina e é causada por um fungo chamado Candida, com seus diferentes subtipos. Não é causada pela relação sexual e não é considerada uma infecção sexualmente transmissível. Geralmente, costuma afetar mais as mulheres, podendo atingir a pele. Nos homens, acomete os órgãos sexuais masculinos, gerando uma condição chamada balanopostite, que afeta o órgão genital. No entanto, a candidíase também pode afetar outros órgãos, como o esôfago e garganta.

 

Fonte: FAPEMA (Por:  Laércio Marques/Ascom Fapema)

 

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