| Em 13/05/2024

Fapeal impulsiona estudo inovador sobre sequestro de carbono no semiárido nordestino

Projeto liderado pelo professor Stoécio Maia, do Ifal, busca soluções baseadas na natureza para mitigar o impacto das mudanças climáticas na agricultura regional e nacional (Foto – Estudantes bolsistas do projeto/ Acervo do Pesquisador)

O Governo de Alagoas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapeal), no momento, apoia 99 propostas no Programa de Iniciação Científica Jr (Pibic Jr), no Nível Médio das escolas da rede pública e do Instituto Federal (Ifal). Dentre esses, tem ganhado destaque o estudo intitulado Sequestro de carbono do solo como uma solução baseada na natureza para o semiárido brasileiro.

Sob a orientação do professor da Ifal Stoécio Maia, doutor em Agronomia, este é mais um na história de apoios concedidos ao pesquisador, que pela quarta vez conquista fomento em um edital da Fundação. Ele atua na área de manejo e conservação de solos, sempre relacionada à questão das mudanças climáticas e do aquecimento global, pensando em interfaces com a agricultura.

O foco de suas pesquisas tem sido intensificado no clima semiárido, não só na região alagoana, como no âmbito nordestino de modo geral. Inclusive, o seu projeto, agora, está inserido num contexto maior, vinculado também à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq – Usp).

Junto aos dez estudantes apoiados com bolsas, fruto de recursos estaduais, o professor tem conduzido um estudo voltado à avaliação do potencial de sistemas agrícolas no semiárido para sequestrar carbono, ou seja, mitigar as emissões de gases do efeito estufa, analisando dois sistemas principais: recuperação de pastagens degradadas e o os sistemas integrados de produção. Este último envolve, de maneira específica, os sistemas agroflorestais tradicionais, e também os sistemas mais recentes de lavoura-pecuária e lavoura-pecuária-floresta.

Professor da Ifal, Stoécio Maia – (Foto: Tárcila Cabral/ Fapeal)

A ideia, segundo o orientador da proposta, foi de tentar envolver os alunos e proporcionar para eles uma experiência diferente de pesquisa: “Neste estudo nós temos coletado solos em várias áreas, uma aqui em Alagoas, mas também na Paraíba, no Ceará e em Sergipe. Estes alunos estão fazendo parte de todo o processo, contribuindo com as análises e tendo a oportunidade de acompanhar dois discentes da pós-graduação, do Ifal e da Ufal [Universidade Federal de Alagoas]”, frisou o pesquisador.

Durante o período de desenvolvimento das verificações e etapas de laboratório, o professor também solicitou que dentro da programação fossem construídas cartilhas relacionadas ao tema pelos estudantes. O acadêmico dividiu a equipe em subgrupos e surgiram três cartilhas relacionadas a assuntos sobre a qualidade do solo, sequestro de carbono e soluções baseadas na natureza – sendo este último aspecto o “guarda-chuva” do projeto:

“A gente pensa no solo e nestes sistemas como soluções de base natural ou respostas baseadas na natureza. Então a gente viu ali a oportunidade de envolver realmente os alunos do curso técnico do campus Marechal Deodoro numa nova perspectiva de ciência”, completou o estudioso.

Contribuição dos estudos para o semiárido 

Stoécio Maia explica que a maior parte do trabalho conduzido no Pibic Jr é laboratorial, com solos de quatro locais do semiárido nordestino. Ele frisa o estudo do carbono da terra, para entender o potencial existente ou não de sequestrar o elemento nestes sistemas. Além disso, outras análises relacionadas têm sido igualmente construídas, para tentar examinar a qualidade dos campos nestas regiões.

É importante frisar que os resultados principais já estão sendo gerados nesta fase da pesquisa: uma parte já está finalizada e outras ainda estão sendo computadas. Assim, o pesquisador acredita que até o final do mês de maio toda a parte analítica deverá ser encerrada. A ideia, segundo ele, é transformar as descobertas em publicações acadêmicas, mas pensando também em materiais para outro público alvo, que não somente o grupo científico.

Neste contexto, o agrônomo frisa que os resultados de todas as avaliações também possuem empregos externos ao escopo acadêmico, desenvolvendo uma aplicação real para Alagoas. Os dados têm o poder de serem utilizados numa perspectiva usual, inclusive para cooperar com o Inventário Nacional de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (GEE). Por isso, a necessidade de gerar informações precisas, afinal o semiárido segundo o professor, ainda é muito carente de informações, principalmente no Nordeste.

“O conhecimento pode ajudar no inventário nacional de gases do efeito estufa, auxiliando também a identificar como é que estão estes sistemas integrados e de pastagens, e isso servirá para subsidiar os produtores, indicando, por exemplo: se o sistema está dando o resultado que se espera, ou se não, quais são os ajustes possíveis de se fazer”, pontuou o professor.

Por outro lado, Stoécio Maia explica que é possível encontrar outras aplicações para isto num âmbito político. O Brasil, neste momento, está revisando todo o seu Plano Nacional do Clima e este conhecimento é fundamental porque vai edificando de fato os dados e informações para ajudar a traçar as estratégias corretas, e de acordo com a realidade local.

Fonte: FAPEAL (Por: Tárcila Cabral/ Ascom Fapeal)

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