Em parceria com a Embaixada da França no Brasil, a Iniciativa Amazônia+10 lançou, nesta segunda-feira (21/10), em evento sediado na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), a Chamada Workshops Trilaterais, que pretende financiar propostas científicas que envolvam pesquisadores baseados na Amazônia Legal em colaboração com equipes de pesquisadores da França ou da Guiana Francesa.
O objetivo do edital é apoiar a colaboração científica internacional, além de fomentar o desenvolvimento sustentável da Amazônia e estimular a capacitação dos pesquisadores participantes, especialmente daqueles em início de carreira. O investimento total é de R$ 700 mil e o prazo para submissão é 13/12/2024. As inscrições devem ser feita via formulário, também disponível na página de chamadas da Iniciativa Amazônia+10.
“Estamos muito orgulhos em lançar essa chamada, porque temos a certeza que ainda existe espaço para valorizar e fortalecer a cooperação de excelência entre as amazônias, a brasileira e a francesa”, disse Sophie Jacquel, conselheira-adjunta científica da Embaixada da França. “Os workshops são voltados para temáticas prioritárias, como sociobiodiversidade, saúde e bioeconomia, que visam o desenvolvimento do território e também o bem-estar da população local. Este é só o início da nossa colaboração, já que os workshops vão criar projetos científicos que poderemos apoiar no futuro.”
A professora Márcia Perales, diretora-presidente da FAPEAM, falou sobre a importância do lançamento de mais uma chamada que visa fortalecer a pesquisa e as áreas de CT&I na região “Esta é mais uma oportunidade de conhecermos e trabalharmos em parceria – parceria essa que já vem sendo consolidada com a Iniciativa Amazônia+10. E que é muito importante, porque ela está pautada num princípio, pra nós, amazônidas, que é muito caro: o respeito recíproco. Todas as vezes que lançamos editais, a nossa expectativa é a melhor possível. É mais uma possibilidade – em conjunto com o Confap, o Consecti e, agora, a Embaixada da Franca – de conhecer melhor a nossa região, porque ela não é interesse apenas nosso. Como todos nós sabemos, ela é interesse em âmbito mundial.”
O edital é voltado para temas estratégicos para a Pan-Amazônia, portanto as propostas devem contemplar ao menos uma de quatro áreas de pesquisa: a saúde na região amazônica, a biodiversidade e as mudanças climáticas na Amazônia, e sua interligação com os diferentes modos de vida das comunidades tradicionais e urbanas locais, o protagonismo da construção de conhecimento desses mesmos povos e um novo modelo de desenvolvimento, com base na bioeconomia compatível com a floresta viva.
Cada projeto deve ser liderado por dois pesquisadores principais: um brasileiro sediado na Amazônia Legal e um da França ou da Guiana Francesa. E cabe ao pesquisador brasileiro fazer a submissão da proposta. Além disso, cada equipe também deve conter até dois mentores brasileiros (da Amazônia Legal ou de qualquer outro estado participante da Iniciativa Amazônia+10) e dois mentores da França ou da Guiana. Ao menos um dos pesquisadores, seja o principal ou um mentor, necessariamente precisa ser da Guiana Francesa.
O edital também tem um novo modelo de operacional. “A Embaixada da França no Brasil fez o repasse desses R$ 700 mil à Iniciativa Amazônia+10 em nome do Confap”, explicou João Arthur Reis, assessor da Presidência da FAPESP para a Iniciativa. “E por isso buscamos uma fundação de apoio para fazer a gestão desses recursos, a Fundação Arthur Bernardes (FUNARBE). Assim, cada grupo de pesquisa selecionado vai ter o auxílio de um gestor de programa para cuidar dos processos administrativos e de prestação de contas do projeto – deixando, assim, os pesquisadores exclusivamente dedicados às suas atividades. “
A FUNARBE passou por um processo seletivo criterioso, como explicou a professora Marcia Irene Andrade Mavignier, Diretora Técnico-Científica da FAPEAM e representante da Secretária-Executiva da Iniciativa Amazônia+10. “Foi feito um questionário com diversas fundações de apoio para que pudéssemos ver a capacidade e que tipo de projetos elas estavam acostumadas a gerir, justamente porque estamos fazendo um primeiro ensaio com esse novo modelo. Depois, foram feitas entrevistas com cada corpo técnico até chegarmos na FUNARBE, justamente pela capacidade.”
Os workshops vão ocorrer em 2025, em modalidade presencial em um dos nove estados da Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins). Os resultados das propostas selecionadas serão publicados até 14/02/2025.
Mais sobre a parceria
“Essa parceria fortalece mais uma vez os laços entre as nossas instituições”, disse Béatrice Duthey, Adida científica do Consulado Francês no Rio de Janeiro e representante da Embaixada da França no Brasil durante o anúncio do lançamento da chamada, realizado durante o Fórum Confap, em setembro. “A cooperação científica franco-brasileira é forte, com vínculos históricos importantes tanto na área das ciências sociais e da saúde, bem como das ciências da terra e da matemática, que continuam crescendo a cada ano na França e no Brasil. Há décadas que cientistas franceses e brasileiros trabalham juntos na Amazônia, porque além de compartilharmos uma fronteira geográfica, compartilhamos também desafios e problemas concretos comuns. Desafios importantes para o futuro do nosso planeta e das nossas florestas.”
Odir Dellagostin, presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo a Pesquisas (Confap), também ressaltou a importância da colaboração entre os dois países. “Estamos muito felizes pela manifestação de interesse da Embaixada da França no Brasil em fazer um aporte de recursos para a realização de workshops conjuntos no âmbito da Iniciativa Amazônia+10. Essa parceria entre o Confap e Embaixada também abre uma oportunidade para estreitarmos a cooperação com nossos vizinhos da Guiana Francesa”, explicou.
“Eu tenho a convicção que precisamos refletir conjuntamente sobre futuros modelos de desenvolvimento para uma Amazônia forte e sustentável economicamente. As equipes dos workshops trabalharão para o melhor conhecimento do ecossistema local, podendo identificar as ameaças à nossa biodiversidade, mas também o potencial das riquezas da natureza. Temos o prazer de fazer parte da Iniciativa Amazônia+10 e estreitar os laços, em particular entre as universidades e órgãos de pesquisa da Guiana Francesa e da Amazônia Brasileira”, finalizou Béatrice.
Fonte: Iniciativa Amazônia+10