| Em 18/06/2025

Pesquisa apoiada pela Fapeal destaca importância de plantas de cobertura para qualidade do solo e produção de milho em Alagoas

Estudo foi desenvolvido com a cultura do milho – (Foto: Acervo do Projeto)

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), segue impulsionando o desenvolvimento socioeconômico local por meio do apoio à ciência. Um dos exemplos mais recentes foi o apoio fornecido a um projeto que investiga práticas agrícolas sustentáveis voltadas ao cultivo do milho, contribuindo para a geração de soluções tecnológicas para a agricultura alagoana.

Intitulado “Plantas de cobertura afetando a qualidade do solo e a dinâmica do fósforo em sistema de semeadura direta do milho”, o trabalho foi executado dentro do Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Ambiente (PPGAA) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e concluído em fevereiro deste ano.

A investigação foi contemplada pelo Programa de Apoio à Fixação de Jovens Doutores no Brasil, uma iniciativa estratégica que busca consolidar grupos de pesquisa no estado e fixar profissionais altamente qualificados em áreas estratégicas. Por intermédio deste edital, a Fapeal garantiu suporte financeiro ao estudo, mas também reforçou seu apoio ao fortalecimento da ciência aplicada à realidade produtiva alagoana.

À frente da pesquisa esteve a bolsista Dayane Ribeiro, e o coordenador da proposta, professor Valdevan Rosendo, que juntos conduziram uma investigação detalhada sobre a influência de plantas de cobertura na qualidade do solo e na dinâmica do fósforo no sistema de semeadura direta do milho.

A análise avaliou, ao longo de dois anos, como diferentes espécies de plantas de cobertura podem interferir positivamente na fertilidade do solo, promovendo ganhos agronômicos e ambientais para o cultivo no estado.

Foco na qualidade do solo

De acordo com a pesquisadora, o uso de plantas de cobertura em sistemas de semeadura direta representa uma estratégia fundamental para a sustentabilidade da agricultura, especialmente em solos tropicais como os de Alagoas. “As plantas de cobertura contribuem para a melhoria da qualidade do solo, atuando na proteção contra erosão, no aumento da matéria orgânica e microbiota, além de favorecerem a ciclagem de nutrientes”, destacou Dayane Ribeiro.

Ao longo da investigação, foram observados benefícios significativos, como o acúmulo de biomassa e o incremento nos teores de nutrientes na palhada (restos de plantas) do milho, evidenciando a melhoria na fertilidade do solo. Esses resultados demonstraram a viabilidade de práticas agrícolas mais sustentáveis, capazes de preservar os recursos naturais e garantir maior produtividade ao agricultor.

Já o coordenador do estudo, o doutor em Agronomia Valdevan Rosendo, ressaltou que o manejo convencional, ainda predominante em muitas áreas agrícolas de Alagoas, caracteriza-se pelo preparo anual do solo com aração e gradagem (revirada do solo), práticas que causam degradação física e biológica, além de acelerar a decomposição da matéria orgânica.

“A adoção de plantas de cobertura no sistema de semeadura direta surge como alternativa para mitigar esses efeitos negativos, promovendo o aumento da matéria orgânica, a proteção do solo e a melhoria na capacidade de armazenamento de água”, explicou ele.

O professor também apontou que os constructos da pesquisa já estão disponíveis, podendo ser aplicados em diversas áreas da produção, e que agricultores “estão utilizando esta tecnologia na região”. Segundo ele, a adoção de plantas de cobertura associadas ao sistema de semeadura direta representa uma importante alternativa para aumentar a sustentabilidade agrícola local, reduzindo perdas de solo por erosão, promovendo a ciclagem de nutrientes e diminuindo a necessidade de fertilizantes.

Valdevan Rosendo e Dayane Ribeiro – (Foto: Acervo do Projeto)

Resultados e impactos gerados

Entre os principais resultados apresentados pelo estudo, destaca-se a comprovação de que diferentes espécies de plantas de cobertura, como gramíneas e leguminosas, podem atuar de forma diferenciada na ciclagem (transformação de nutrientes) do fósforo, elemento essencial para o crescimento das plantas.

A bolsista do estudo, Dayane Ribeiro, ressaltou que, dentre as espécies avaliadas, a crotalaria juncea se destacou por sua capacidade de produção de biomassa e extração de nutrientes, favorecendo a liberação gradual de fósforo para o solo.

O trabalho também demonstrou que a semeadura direta associada a essas plantas, melhora a estrutura física do solo, reduz a compactação (redução do volume e porosidade) e favorece o desenvolvimento do sistema radicular do milho.

Além dos benefícios agrônomicos, o estudo trouxe importantes achados, como a redução da quantidade de fertilizantes necessária no sistema produtivo e a diminuição das perdas de solo por erosão, especialmente nos períodos de maior intensidade de chuvas. Ele enfatizou inclusive que o sistema de agricultura conservacionista baseado em plantas de cobertura e revolvimento mínimo do solo, é uma ferramenta essencial para a manutenção e estabilidade da produtividade agrícola a médio e longo prazo.

Perspectivas futuras e apoio da Fapeal

O professor Valdevan Rosendo ressaltou que o Programa Jovens Doutores foi essencial para consolidar parcerias com instituições como a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP), além de permitir o intercâmbio de alunos de mestrado e realização de análises mais refinadas.

Segundo ele, o programa contribuiu de forma significativa para a elevação do nível das dissertações, a formação de novos pesquisadores e a publicação de artigos científicos. “É gratificante perceber que o investimento da Fapeal se traduz em resultados concretos para a agricultura e para o meio ambiente do nosso estado”, concluiu o coordenador.

Já para Dayane Ribeiro, a atuação como bolsista foi determinante para o desenvolvimento da pesquisa, permitindo sua dedicação exclusiva ao projeto. Ela destacou que investimentos como esse fortalecem a ciência em Alagoas e ampliam a capacidade de gerar soluções tecnológicas voltadas à realidade da agricultura local, especialmente no contexto da sustentabilidade e inovação no uso dos recursos naturais.

“O apoio da Fapeal foi relevante para a execução da pesquisa, permitindo a aquisição de insumos, implantação e manejo das atividades em campo e realização de análises laboratoriais. Além disso, a parceria da Fapeal com o CNPq, que concedeu a bolsa, viabilizou minha dedicação total ao estudo, o que refletiu diretamente na qualidade dos resultados obtidos”, concluiu ela.

A dupla finalizou destacando que o programa é uma iniciativa exitosa, e merece novas edições no estado, especialmente em um momento em que a área agrícola passa por intensa transformação e demanda o apoio de políticas públicas para impulsionar pesquisas no uso de novas tecnologias.

“O auxílio contínuo das instituições de fomento será decisivo para o aprofundamento dos desdobramentos do projeto e para a realização de novas investigações”, frisou Valdevan Rosendo.

Fonte: FAPEAL (Por: Tárcila Cabral/ Ascom Fapeal)

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