O grupo de pesquisa Núcleo Escravidão e Pesquisa na Sociedade Moderna da Universidade Federal de Alagoas (Nesem Ufal) é um grupo de estudos e pesquisa sobre história da escravidão e sociedades escravistas, que completou, em 2024, dez anos de existência.
Para comemorar, realizou, no mês de março, a oitava edição do seu evento próprio, o já tradicional Encontro Nacional do NESEM , com o tema “10 Anos do Nesem – História, Formação e Pesquisa”, que resume as principais atividades do grupo. Neste ano, congregaram-se historiadores de seis estados e oito instituições: Alagoas (Ufal), Bahia (Uneb), Maranhão (UFMA), Pernambuco (UFPE, UFRPE e UPE), Rio Grande do Norte (UFRN) e São Paulo (Unicamp).
O líder do Grupo de pesquisa e coordenador do evento é o professor Gian Carlo Melo, doutor em História, docente dos cursos de Graduação e Pós-Graduação em História da Ufal e da pós em história da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Ele explica que “quando o grupo começou a fazer o evento ele se chamava África e Brasil, justamente para tentar dialogar sobre essas conexões, e ao longo dos anos, na terceira edição, a gente passou a chamá-lo de Encontro Nacional do Nesem, justamente porque ele cresceu muito, e se tornou, para o grupo, não só um espaço de socializar as pesquisas, bem como também de trazer grandes nomes da área para dialogar”.
O Nesem tem apoio do Governo de Alagoas, por meio de recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal): “Sempre existe um pouco da Fapeal no Nesem, seja com pesquisas que são financiadas, equipamentos oriundos de projetos e o financiamento ao evento”, declarou o professor Gian Carlo Melo.
Sobre a edição de 2024, ele acrescenta que teve um balanço bem positivo. “A gente teve mais de 100 inscritos, pagantes. Com relação ao balanço acadêmico, superou as expectativas, pela participação das pessoas, e pela qualidade das apresentações e das instituições que a gente conseguiu juntar”.
Uma das pesquisadoras atuantes no Nesem, e participante do evento, a professora Suely Almeida, docente do PPG em História da UFRPE, também membro do PPG em História da UFPE, explica que o grupo de pesquisa é um instrumento fundamental:
“O professor Gian Carlo é um professor excepcional, tem uma produção bibliográfica com uma inserção nacional, e faz esse trabalho muito bem: ele consegue uma aproximação tanto com os docentes quanto com os discentes: ele atrai esses discentes para aqueles temas que são caros para aquele grupo de docentes que participam do grupo de pesquisa e aí, os processos de desenvolvimento de dissertações, de teses, de monografias, têm a sua largada.
Então, se aqui vocês têm uma incubadora de mestrandos que saem da graduação, ele consegue levar os meninos que conseguem concluir os seus mestrados e querem seguir a carreira fazendo doutorado. Então, essa é a importância do grupo de pesquisa: é uma espécie de incubadora de talentos, onde você aprende as metodologias, faz as leituras necessárias, tira as dúvidas com pares e professores, e aí, adentra uma vida profissional com mais segurança”.
Um exemplo claro disso está nas declarações de Antonny Félix, estudante do quarto período na graduação em História da Ufal e pesquisador de iniciação científica ligado ao Nessem:
“Eu já tinha interesse em pesquisar algo sobre a escravidão, sobre a sociedade escravista, sobre o Período Colonial e Imperial, e eu já sabia da existência do Nesem porque uma professora anterior, que eu tive no Ensino Médio, atuava em pesquisas nesse campo. Eu já entrei na graduação em história sabendo da existência de grupos que pesquisavam nesse período, e aí, no fim do primeiro período, em passagem para o segundo, teve uma mesa do professor Gian, em que ele falou sobre a existência do grupo, sobre o que ele fazia, relacionado à Alagoas, e à sociedade escravista daqui, e a partir daí eu fui juntando com ideias que eu já tinha de pesquisar, especificamente a família, colonial e imperial, e tentar entender as configurações destas, e aí eu me aproximei do grupo, comecei a participar de algumas reuniões. A gente debatia textos. Por enquanto, eu estava numa formação mais bibliográfica, que é muito importante também, e com a ajuda do grupo, a partir do segundo semestre do ano passado, eu de fato comecei, num projeto do professor Gian sobre a sociedade escravista. Embora eu seja voluntário, é uma perspectiva de comprometimento com a pesquisa. O projeto do professor é agraciado pela Fapeal e é algo que vem estimulando bastante, não só a participação na pesquisa, mas acaba estimulando também outros aspectos acadêmicos, como a participação nas aulas, o interesse em se aprofundar na teoria, e estar desenvolvendo pesquisa na graduação ainda é muito importante porque traz uma perspectiva diferente. O tripé da universidade que é extensão, pesquisa e ensino acaba ficando mais completo do que seria só dentro da sala de aula”, concluiu Antony.
Novos projetos
Quanto às perspectivas do grupo, o professor Gian Carlo adianta: “Temos na agenda o Encontro Internacional de História Colonial em 2028, que poderá ser realizado na Ufal. O foco está nas teses em construção. Atualmente, são cinco, com temática de Alagoas, em andamento no PPGH da UFRPE, além do projeto sobre a presença de africanos e seus descendentes em Alagoas, no século XVIII e início do XIX”, este financiado pelo edital de Humanidades da Fapeal. Além disso “vamos continuar a realização do projeto guarda-chuva sobre sociedade e escravidão em Alagoas e Pernambuco entre o XVI E XIX. Dentro dele acordamos subprojetos relacionados à família, política, polícia e sociedade. Com fontes do Arquivo Público de Alagoas (APA), Curia e Instituto Histórico e Geográfico (IGHAL)”.
Saiba mais sobre as atividades do Nesem no perfil oficial @nesemufal.
Fonte: FAPEAL (Por: Naísia Xavier/ Ascom Fapeal)