No dia 3 de dezembro, comemorou-se o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, instituído pela ONU desde 1998. O que nos leva a questionar quantos pessoas com deficiência vemos no mercado de trabalho? Segundo a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), os que estão empregados, em 2013, corresponde a 0,73% (357,8 mil) do total. Ainda que, no cumprimento da Lei de Cotas, de 1999, as organizações têm a obrigação de inserir pessoas com deficiência, a resistência à inclusão ainda é percebida.
Para entender o tema, a psicóloga Maria Nivalda de Carvalho Freitas, da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ), desenvolveu o projeto “Crenças e atitude frente ao acesso e permanência de pessoas com deficiência no mercado de trabalho”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). A pesquisadora espera que o resultado dessa investigação contribua para oferecer indicações que ampliem a participação dessas pessoas no mercado de trabalho.
Barreiras
Em pesquisas anteriores, Carvalho-Freitas menciona que os estudos indicam as dificuldades no processo de inserção no trabalho, como a falta de conhecimento dos direitos, as dificuldades no acesso à educação formal e aos programas de qualificação profissional, o receio em buscar um emprego e abrir mão de benefícios já adquiridos e o sentimento de discriminação.
Foram realizados três estudos com pessoas com deficiência que estavam fora do mercado formal de trabalho. Os resultados apontaram que as informações referentes aos programas de capacitação são de difícil acesso e há dificuldades relacionadas ao acesso à educação e ao transporte.
A pesquisadora explica que, ao mesmo tempo que eles enxergam o trabalho como forma de crescimento pessoal e contribuição para a sociedade, o mercado ainda é visto como um local a se temer, pois é mais seguro manter o salário mínimo recebido do Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Pontos relevantes
Com as pessoas com deficiência que trabalham formalmente, foram realizadas pesquisas em três diferentes instituições para verificar a satisfação, a socialização organizacional e o comprometimento com a organização. Os resultados apontaram que as pessoas estavam satisfeitas com praticamente todos os fatores investigados, mas desejariam ter mais perspectiva de crescimento profissional. Percebeu-se a importância da socialização primária, especialmente o apoio da família.
Quanto ao comprometimento, entendeu-se que os aspectos organizacionais asseguram a manutenção da qualidade de vida no trabalho de pessoas com e sem deficiência. Constatou-se também que as empresas têm priorizado as modificações que eliminem barreiras físicas, ao invés de definir políticas internas, estabelecer procedimentos, e aumentar o diálogo.
Resultados
Diante dos resultados até o momento e dos novos desafios do projeto, a professora acredita que “não é possível saber se a sociedade irá caminhar a construção de um mundo acessível a todos ou se as resistências irão se recalcitrar e a exclusão irá permanecer, mas a tensão abre possibilidades de transformação. Isso, por si só, já é um grande avanço no sentido de buscar maior humanização das relações de trabalho”, conclui.
Contato
Projeto com apoio da FAPEMIG: Crenças e atitude frente ao acesso e permanência de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
Coordenadora: Maria Nivalda de Carvalho-Freitas
Departamento de Psicologia – Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ)
Tel.: (32) 3379-2457/ 3379-2584
Fonte: Assessoria de Comunicação da FAPEMIG