| Em 23/06/2023

Centro de Síntese do CNPq, SinBiose, lança série de documentos para apoiar a tomada de decisão na área ambiental

Marisa Mamede (CNPq), Mercedes Bustamante, presidente da CAPES e o Diretor Científico do CNPq, Olival Freire Jr. (Foto: Marcelo Gondim – ACS/CNPq)

O Centro de Síntese em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, o SinBiose, lançou na quinta-feira (15) seu primeiro conjunto de produtos voltados à tomadores de decisão. Trata-se de sete policy briefs com potencial para contribuir com o campo da gestão costeira, da gestão de florestas, do uso e ocupação do solo, na identificação de lacunas de conhecimento, no manejo agrícola e na predição de novos surtos zoonóticos no país. O SinBiose é uma iniciativa pioneira do Centro de Síntese no Brasil e na América Latina, concebida e coordenada pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Policy briefs são documentos enxutos, pautados por questões enfrentadas no cotidiano de tomadores de decisão e com informações baseadas em pesquisas científicas atuais e sugestões de opções e ações que podem contribuir e enriquecer o debate sobre políticas públicas.

De acordo com Marisa Mamede, gerente do SinBiose, os policy briefs lançados na quinta-feira são resultado de um cuidadoso processo de depuração da informação, a partir de publicações em periódicos científicos relevantes, de modo a facilitar o entendimento por parte de um público mais amplo. “É também um convite ao diálogo entre pesquisa científica e gestão de políticas públicas”, complementa Mamede.

Há um denominador comum nos policy briefs do SinBiose: o alerta em relação à necessidade urgente de transformação da relação entre seres humanos e uso de recursos naturais. E apontam caminhos, como a necessidade de visões mais integradas sobre as conexões entre biodiversidade, serviços ecossistêmicos e qualidade de vida. Há, ainda, indicações para monitoramento integrado da biodiversidade, revisão de regulamentações e de incentivos fiscais, investimento em mais pesquisa (e de forma menos desbalanceada entre as regiões do país) e identificação de lacunas institucionais para cobrir apropriadamente as questões ambientais apontadas.

Ciência de Dados, transdisciplinaridade e coprodução de conhecimento

A elaboração dos resultados do primeiro ciclo de projetos do SinBiose se pautou na análise de grandes bases de dados, na transdisciplinaridade e na coprodução de conhecimento.

Os grupos estruturaram bases de dados, combinando e integrando novas análises sobre biodiversidade da Amazônia; ecossistemas recifais; correlação entre mamíferos, seus parasitas e patógenos; uso e ocupação do solo em diferentes regiões do país sobrepostas com informações socioeconômicas, cobertura vegetal, produção agrícola, estágios de regeneração de florestas, entre outras. As bases de dados estão sendo disponibilizadas para acesso aberto.

“Juntamos vários estudos individuais focados em diferentes perguntas e convidamos estas equipes a colaborar conosco. Com isso, conseguimos fazer uma análise de florestas na escala de bioma [Amazônia]. Coisas que não conseguiríamos se tivéssemos que ir para campo coletar todas estas informações, pois demanda muito tempo, pessoas e recursos financeiros”, relembra Catarina Jacovak, da Universidade Federal de Santa Catarina e vice-coordenadora do projeto Regenera-Amazônia. Ao todo, o grupo reuniu informações sobre regeneração natural de 530 pontos distribuídos na floresta amazônica.

Os sete documentos são resultados de abordagens inter e transdisciplinares, ou seja, abarcando diferentes especialidades acadêmicas. “Nossa equipe reuniu epidemiologistas, economistas, ecologistas, biólogos, geógrafos, médicos e cientistas sociais que desenvolveram indicadores multidisciplinares e coerentes para estudos integrados na Amazônia brasileira”, relata Claudia Codeço, da Fundação Oswaldo Cruz e coordenadora do projeto Trajetórias, sobre a integração das dimensões ambiental, socioeconômica e epidemiológica na Amazônia.

Outro aspecto encorajado pelo SinBiose foi a co-produção de conhecimento, ou seja, participação de especialistas não acadêmicos, como produtores rurais, gestores de órgãos ambientais, entre outros.  “O nosso projeto incluiu, desde o início, a participação de representantes de associações de produtores rurais, de organizações que trabalham restauração e produção agrícola sustentável. Isso facilitou muito a formulação de questões relevantes e úteis pela percepção de quem vai usar, não apenas dos cientistas que trabalham naquele tema”, explica Leandro de Freitas, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e coordenador do projeto SPIN, sobre polinização e sustentabilidade na agricultura.

“Ao conectar pesquisadores, dados e informações, os centros de sínteses são capazes de gerar respostas mais rápidas e robustas. E isso tem uma consequência importante para as políticas públicas, sobretudo na área de meio ambiente”, explica Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília, coordenadora do comitê científico do SinBiose e atualmente presidente da CAPES.

Pioneirismo

Os Centros de Sínteses se apoiam na chamada ciência de síntese, que foi desenvolvida para lidar com problemas altamente complexos, como a crise climática e a perda de biodiversidade. “Os centros de síntese conseguem reunir informações de natureza distintas, produzidas com diferentes metodologias, escalas geográfica e temporal diferentes e buscam colocar tudo no mesmo plano analítico e torná-las intercambiáveis, de modo que sejam úteis para responder perguntas complexas”, explica Helder Queiroz, do Instituto Mamirauá e membro do comitê científico do SinBiose.

Existem cerca de uma dúzia de centros de síntese no mundo e o SinBiose é o primeiro do país e da América Latina. Lançou a primeira chamada pública em 2019 para projetos focados nas grandes questões acerca da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos. Na ocasião, sete propostas foram aprovadas, envolvendo mais de 130 participantes das cinco regiões do país. A ideia é que, além da produção acadêmica de nível internacional, os grupos de trabalho também pudessem transbordar conhecimento relevante para políticas públicas.

“O SinBiose coloca o nosso país em um novo patamar de discussão e de cooperação internacional em Ciência, Tecnologia e Inovação, abrindo um novo horizonte para a prospecção de ações ainda não desenhadas e experimentadas. Que esse exemplo possa inspirar outras iniciativas dessa natureza”, conjectura Lelio Fellows Filho, coordenador geral de Cooperação Internacional do CNPq.

O evento de lançamento dos policy briefs do SinBiose ocorreu no auditório da CAPES, em Brasília, em cerimônia para gestores públicos, sociedade civil, organizações multilaterais e pesquisadores.

O conjunto de resultados do SinBiose é composto por sete Policy Briefs:

1) Quando a regeneração natural é uma solução eficaz para restaurar a floresta?
2) Campos e savanas precisam entrar no debate público sobre conservação e restauração ecológica
3) Como garantir o futuro dos recifes brasileiros? Ações regionais no contexto de impactos globais
4) Intensificação da polinização como oportunidade para agricultura sustentável no Brasil
5) Como superar os desafios que limitam as pesquisas ecológicas na Amazônia;
6) Saúde Silvestre: reduzindo o risco zoonótico e promovendo a Saúde Única;
7) O futuro sustentável da Amazônia: integrando saúde humana, economia e meio ambiente

Os documentos na íntegra estão disponíveis aqui.

Assista a íntegra do evento de lançamento dos resultados:

 

Fonte: SinBiose (Por: Assessoria de Comunicação do SinBiose)

 

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