| Em 27/05/2024

Pesquisa apoiada pelo Governo Amazonas reduz contaminação e aumenta agentes de defesa da banana

(Foto: Arquivo da pesquisadora Aline Ellen Duarte de Sousa)

A aplicação da dose adequada de ozônio (O3) é uma alternativa eficaz para a conservação de bananas no pós-colheita, que reduz a contaminação provocada por microrganismos e pode aumentar o potencial antioxidante dos frutos, produzindo agentes de defesa contra os radicais livres. Foi o que constatou um estudo desenvolvido com o apoio do Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) – via Programa de Infraestrutura para Jovens Pesquisadores – Programa Primeiros Projetos (PPP). 

A coordenadora da pesquisa, doutora em Fisiologia Vegetal e professora na Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Aline Ellen Duarte de Sousa, destaca que a plantação de banana está entre as principais atividades agrícolas do Amazonas, porém grande parte do fruto colhido é perdido e ocorre, principalmente, em decorrência do manuseio inadequado após a colheita e de ferimentos associados ao amadurecimento das bananas, que favorecem o desenvolvimento de doenças pós-colheita, como a antracnose (doença provocada  por organismos patogênicos e fitopatogênicos). 

De acordo com a pesquisadora, durante o processo de testes, foi possível observar a redução da antracnose, a partir da concentração de 1,5 mg/L de ozônio na forma gasosa, com efeito comparável ao do fungicida comercial. Além disso, a produção de compostos bioativos poderá ser desencadeada com a aplicação do ozônio, enriquecendo nutricionalmente os frutos de banana e trazendo benefícios à saúde dos consumidores que buscam por alimentos nutritivos e seguros. 

Os testes constataram que o ozônio aumentou o tempo de prateleira das bananas de 7 para 14 dias, em temperatura ambiente, dois dias a mais do tempo superior ao fungicida comercial, que é de 7 para 12 dias

“Os resultados mostraram que o ozônio é eficiente em reduzir a antracnose podendo ser comparado ao fungicida comercial, sem alterar a qualidade das variedades de banana, um dos frutos mais consumidos no estado, além de ser uma alternativa ecologicamente segura para substituição dos agrotóxicos no pós-colheita de frutas”, acrescentou a pesquisadora. 

Dessa forma, o avanço do conhecimento sobre as aplicações do ozônio contribuirá para o desenvolvimento de tecnologia moderna para o controle de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs) e podridões da fruta no pós-colheita, com a vantagem de não deixar resíduos químicos sintéticos, além de melhorar a qualidade e estender a vida útil das variedades de bananas, inovando o processo produtivo dessas frutas no Amazonas, como disse a coordenadora. 

Aline Ellen ressalta que um possível impacto negativo inicialmente será o aumento do custo para obter o ozonizador, pois se trata de uma tecnologia mais cara do que o uso do cloro, contudo os benefícios trazidos e o aumento da confiança no produto por parte dos consumidores deverão suplantar o problema. 

A coordenadora defende que os estudos efetuados na pesquisa poderão apontar para a inovação tecnológica, pois estão imbuídos das principais diretrizes e tendências para a comercialização e consumo seguro de frutas. Segundo ela, alguns produtores contatados demonstraram interesse na tecnologia, devido ao potencial inovador do uso do ozônio, uma vez que as soluções sanitizantes, atualmente mais empregadas à base de cloro, não vêm satisfazendo as exigências de eficácia e são passíveis de serem legalmente proibidas no futuro, devido aos resíduos tóxicos carcinogênicos, ou potencialmente carcinogênicos. 

Os produtores devem adquirir um ozonizador adequado a sua necessidade, de acordo com sua estrutura de armazenamento, que é baseado na quantidade de frutos colhidos. “O ozônio vem sendo usado cada vez mais em diversas áreas, assim, hoje, é possível adquirir com facilidade e com valor acessível ozonizadores de diferentes tipos e tamanhos, sendo possível até para uso doméstico”, frisou a pesquisadora. 

(Fotos: Divulgação/ Secom-AM)

Mais resultados

O estudo também resultou em uma dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Agronomia Tropical (PPGATR/Ufam), com resultados já divulgados em artigo científico, além do treinamento de pelo menos um estudante de iniciação científica, o que irá refletir na formação de profissionais treinados e capacitados para o desenvolvimento de pesquisas relacionadas à pós-colheita de frutas, a serem aplicadas no desenvolvimento científico e tecnológico regional. 

A pesquisa é continuação de estudos anteriores com o mamão, no qual o ozônio também reduziu a severidade da antracnose tornando-se efetivo tanto quanto o fungicida comercial. O ozônio aumentou em sete dias a vida útil e manteve a qualidade pós-colheita dos frutos de mamão. 

Sobre o Programa

Desenvolvido pela Fapeam, em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Programa de Infraestrutura para Jovens Pesquisadores – Programa Primeiros Projetos (PPP) tem como objetivo apoiar a aquisição, instalação, modernização, ampliação ou recuperação da infraestrutura de pesquisa científica e tecnológica nas instituições públicas e particulares, sem fins lucrativos, de ensino superior e/ou de pesquisa, sediadas ou com unidades permanentes no Amazonas visando dar suporte à fixação de jovens pesquisadores doutores de novos grupos, em quaisquer áreas do conhecimento. 

Portfólio de Pesquisas

Essa e outras pesquisas coordenadas exclusivamente por mulheres cientistas que atuam na capital e no interior do Amazonas, com o apoio do Governo do Estado, estão disponíveis no Portfólio de Investimentos e Resultados de Pesquisas do Amazonas – Vol.03, organizado pela Fapeam, que nessa edição um total de 50 estudos já finalizados. Para saber mais acesse o link em: 

https://drive.google.com/file/d/1jG8KQn9BO0Em9DI3i7cVz7wpC2Eur2j6/view?pli=1

Fonte: FAPEAM (Por: Valdete Araújo – Decon/Fapeam)

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