Determinação, este é o substantivo que define bem como vem sendo construída a trajetória profissional da hoje doutoranda em Biologia Parasitária na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Kate Batista. Ex-bolsista de pré-iniciação científica, a aluna de doutorado contou com o apoio da FAPERJ no Ensino Médio, por meio do programa Jovens Talentos. O suporte foi o impulso inicial para que ela alcançasse novos desafios em sua vida acadêmica.
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Kate Batista cursou o Ensino Médio Técnico na Faetec, em Campos (Foto: Arquivo Pessoal) |
“Sem a bolsa do Jovens Talentos, que usei para custear o pré-vestibular, eu não teria conquistado uma vaga no curso de Biologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), com ênfase em Biotecnologia. Não teria feito dois intercâmbios e não estaria hoje no doutorado”, enumera ela, entusiasmada. Determinação, este é o substantivo que define bem como vem sendo construída a trajetória profissional da hoje doutoranda em Biologia Parasitária na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Kate Batista. Ex-bolsista de pré-iniciação científica, a aluna de doutorado contou com o apoio da FAPERJ no Ensino Médio, por meio do programa Jovens Talentos. O suporte foi o impulso inicial para que ela alcançasse novos desafios em sua vida acadêmica.
Ainda muito jovem, com apenas 15 anos de idade, Kate já sabia que queria explorar os mistérios por trás da vida microscópica. Foi em uma escola pública de Saquarema, na Região dos Lagos, que ela começou a se interessar por Biologia, especificamente pelos micróbios. Mas a cidade de belas praias e localizada a 100 km da capital fluminense era muito pequena para os sonhos de Kate. A estudante queria cursar escola técnica em Patologia Clínica. Com muitas horas de estudo na biblioteca do colégio, ela foi aprovada em 2º lugar na Escola Técnica Estadual João Barcelos Martins, unidade acadêmica da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense.
“No primeiro ano do colégio, houve uma greve de seis meses e o fato abalou muito a mim e a minha família. Tínhamos todos nos mudado de Saquarema para Campos logo após a aprovação na seleção. Éramos eu, minha mãe e mais dois irmãos”, relembra Kate que, com o retorno das aulas, descobriu a existência do programa de fomento da FAPERJ e solicitou sua inscrição aos orientadores do curso de Patologia.
Mas para conquistar a bolsa, além de boas notas e trabalho voluntário em laboratórios da instituição de ensino, a estudante precisou de uma dose a mais de perseverança. “Já no primeiro ano eu busquei esse apoio. Mas após algumas recusas entendi que só poderia me candidatar à bolsa quando estivesse no segundo ano do curso. Foi então que iniciei o estágio de pré-iniciação científica como voluntária no herbário da Uenf e, logo em seguida, fui selecionada para o programa”, conta Kate.
Embora pequena, em torno de R$ 100 por mês, a ajuda financeira foi fundamental para custear refeições, livros e até o cursinho pré-vestibular da jovem. “Cursava o Ensino Médio de manhã, o técnico à tarde e o cursinho à noite. Foram meses de muita dedicação”, lembra a bióloga.
Na universidade, Kate continuou correndo atrás de seus objetivos. Ou melhor, voando. De uma seleção para intercâmbio na Flórida, Estados Unidos, ela foi parar na Universidad del Este, em Porto Rico, onde realizou pesquisa sobre os coliformes fecais que habitavam o Mar do Caribe e a consequente resistência a antibióticos. Após cinco meses de estudos e pesquisa, a jovem foi selecionada para uma bolsa de verão no Centro Médico da University of Rochester, em Nova York. “Por um curto período, atuei como colaboradora em pesquisa com cepas hipermutadoras de Staphylococcus aureus, e seu perfil de produção de biofilmes”, ressalta ela.
De volta ao Brasil, Kate recorreu a um velho conhecido de estudos em laboratório: o barbeiro, vetor do protozoário Trypanosoma cruzi – o causador da doença de Chagas. “Retomei o objeto de investigação que me acompanhou por alguns anos, enquanto eu era bolsista da FAPERJ. Aos 16 anos tive a oportunidade de conhecer e me envolver com estudos nesta área. Esta experiência me levou a querer descobrir mais”, conta a bióloga, que agora, no doutorado, mantém suas buscas sobre o barbeiro.
Hoje, Kate busca entender como funciona o sistema imune do barbeiro Rhodnius prolixus após estímulos específicos por bactérias. Além do desenvolvimento de sua tese em laboratório, ela é representante discente do curso de Biologia Parasitária na Fiocruz e atua como voluntária, auxiliando na organização da jornada anual dos Jovens Talentos, o programa que a incentivou seguir a carreira científica.
Com quatro anos de doutorado pela frente, Kate já sonha com o pós-doutorado. A dedicação da jovem pesquisadora incentivou até mesmo sua mãe. “Antes vendedora de churrasquinho em Saquarema, ela cursou a faculdade de Pedagogia em Campos e hoje já tem o mestrado concluído”, conta a filha, orgulhosa.
O programa Jovens Talentos da FAPERJ concede bolsas de pré-iniciação científica a estudantes do Ensino Médio, da rede pública, que tenham interesse e potencial para atuar em atividades de pesquisa em ciência e tecnologia. O auxílio visa identificar vocações e estimular a formação científica, contribuindo para a difusão do conhecimento, desmistificando a ciência e articulando pesquisa e ensino. As atividades são desenvolvidas nos laboratórios das instituições científicas conveniadas, sob a orientação de pesquisadores.
Fonte: Aline Salgado – Ascom FAPERJ