O cupuaçu, fruto típico da região amazônica é usado, principalmente, na culinária local, na produção de doces ou sucos. Mas, após a utilização do fruto o que fazer com a casca e os resíduos? Com o pensamento de dá uma finalidade aos restos do fruto sem prejudicar o meio ambiente a empresa ‘Bombons Finos da Amazônia’, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) via Programa de Subvenção Econômica à Inovação Tecnológica em Micro e Empresas de Pequeno Porte (Tecnova/AM), deu início ao projeto “Aproveitamento do Resíduo da Casca de Cupuaçu Para Produção de Embalagens Ecológicas”.
A empresa já utilizava parcialmente o cupuaçu na produção de embalagens, mas o percentual de aproveitamento ainda era baixo em torno de 20%. O restante era perdido ou transformado em adubo orgânico. Com o projeto aprovado, a ideia é utilizar 100% do fruto desde a polpa, para a produção dos bombons, até a finalização, com a confecção das embalagens. Para isso, a empresa firmou uma parceria com o grupo de pesquisa em materiais de engenharia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) que já trabalha com alguns tipos de madeiras e vegetais na elaboração de placas.
De acordo com o coordenador do estudo e professor da Ufam, Raimundo Vasconcelos, para a produção das embalagens sustentáveis, as cascas e os resíduos do cupuaçu são moídos e misturados a uma resina natural à base de óleo de mamona que não prejudica o meio ambiente. “Com a mistura é possível produzir painéis ecológicos e após isso transformá-los em caixas. Atualmente a empresa utiliza na produção de caixas madeiras caídas ou algumas espécies de cipó para essa confecção”, revelou o pesquisador.
Para o empresário, Jorge Alberto Silva, os benefícios desse projeto vão além do lançamento de um novo produto no mercado. De acordo com ele, na agroindústria que fica localizada na estrada de Balbina, onde é feito a compra e o processamento da polpa de cupuaçu, há um desperdício em torno de 70 toneladas de cascas do fruto por safra. “Utilizamos uma parte para produção de embalagens com a própria casca, mas esse é um número pequeno ainda. Queremos aproveitar muito mais através da confecção desses painéis”, destacou.
Segundo Silva, o produtor terá mais uma fonte de renda com o aproveitamento da casca do cupuaçu. Deste modo, será possível agregar valor de mercado a este resíduo. “Queremos criar essa placa parecida com o MDF para substituímos a estrutura de todas as caixinhas de madeiras comercializadas em nossas lojas para os turistas. Esperamos que esse produto venha atender não apenas a nossa empresa, mas quem sabe, o segmento da construção civil também”, disse.
A previsão é que as embalagens sustentáveis fiquem prontas no primeiro semestre de 2016.
Geração de emprego e renda sem prejudicar a floresta
O projeto além de não prejudicar o meio ambiente também possibilita a geração de emprego e renda para os amazônidas por meio do trabalho dos artesãos de diversos municípios do estado do Amazonas na produção de embalagens para os produtos. Atualmente a empresa trabalha com cerca de 200 famílias.
A ‘Bombons Finos da Amazônia’ já está há 17 anos no mercado e trabalha há 15 com a elaboração de produtos sustentáveis. Além do reaproveitamento do cupuaçu, também é utilizado outros frutos da região na confecção das embalagens ecológicas como: ouriço da castanha, fibras de buriti, tucumã, cipós entre outros que são utilizados pelos artesãos.
A empresa só utiliza madeiras caídas, cipós ou sementes na confecção de suas caixas de madeiras. Com o novo projeto eles pretendem dá uma finalidade 100% sustentável para embalagens.
Para o empresário, o apoio da FAPEAM é essencial para transformar a ideia em um bom negócio. “Dificilmente iriamos conseguir ir aos municípios, além da pesquisa que tem um custo”, finalizou.
Sobre o Tecnova/AM
O Programa Tecnova/AM apoia projetos de inovação que envolvem significativos riscos tecnológicos, associados à oportunidades de mercado, buscando o desenvolvimento de produtos (bens ou serviços) e/ou processos inovadores que sejam novos ou significativamente aprimorados (pelo menos para o mercado nacional) para o desenvolvimento dos setores econômicos considerados estratégicos nas políticas públicas federais e aderentes à política pública de inovação do estado do Amazonas, promovendo um significativo aumento das atividades de inovação e o incremento da competitividade das empresas.
Fonte: Esterffany Martins – Agência FAPEAM
Fotos: Lana Santos