| Em 13/01/2016

Empresa desenvolve equipamento para aplicação automatizada de agrodefensivos

O uso de aeronaves é um dos meios mais comuns para a aplicação de agrodefensivos em cultivos, mas a realização manual do processo leva a desperdício de material e pode comprometer a precisão e a segurança. Para minimizar eventuais prejuízos, pesquisadores de uma empresa de São José dos Campos (SP) desenvolveram, com o apoio da FAPESP, uma linha de produtos customizados para automatização de processos da aviação agrícola.

A tecnologia foi desenvolvida por meio do projeto SECA: Sistema Embarcado de Controle Automático: desenvolvimento de um novo algoritmo e equipamento para automatização da aplicação de agrodefensivos em aeronaves agrícolas, realizado na NCB Sistemas Embarcados Ltda. com apoio do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).

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O procedimento tradicional é realizado ao longo do voo de uma aeronave sobre faixas paralelas e perpendiculares de cultivo, perpendicular ao sentido do vento, com algumas passagens repetidas sobre determinados segmentos na tentativa de garantir a cobertura total da área desejada.

A tecnologia desenvolvida pela NCB, uma empresa de base tecnológica criada em 2006, substitui o procedimento de controle e atuação manual por um equipamento dotado de um hardware embarcado de tempo real e um sistema eletromecânico com sensor e atuador que, integrado aos demais componentes da plataforma, auxilia na realização da aplicação autônoma, sem participação do piloto, podendo gerar uma economia de, no mínimo, 10% de agrodefensivos e de 5% de combustível.

“É preciso agregar mais tecnologia à agroindústria nacional para desenvolvê-la dentro da nossa realidade, adequada às necessidades locais, e a automatização dos processos é parte fundamental disso, facilitando a vida do agricultor e diminuindo seus custos, que já são altos com a compra de agrodefensivos. A NCB tem foco no desenvolvimento de produtos que promovem o uso sustentável dos insumos e recursos envolvidos no processo de pulverização. Para isso, desenvolve equipamentos e sistemas desoftware para aeronaves agrícolas visando a aplicação sustentável de defensivos”, disse Fernando Garcia Nicodemos, sócio-diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa.

FLuX I

O primeiro dos componentes desenvolvidos é o FLuX I, um fluxômetro utilizado para o acompanhamento em tempo real da vazão do agrodefensivo aplicado.

Com ele, o piloto pode calcular diretamente no equipamento a vazão ideal de aplicação e a quantidade total do insumo aplicado por meio de um totalizador. Além disso, é possível realizar uma calibração simplificada de modo que a vazão monitorada represente realmente a do insumo aplicado, evitando-se o desperdício.

O equipamento é composto por um monitor digital, que deve ser instalado no painel da aeronave, e de um sensor do tipo turbina acoplado a um filtro, instalado na tubulação da parte externa inferior. De acordo com Nicodemos, “a tecnologia é de fácil instalação e compatível com todos os modelos de aeronaves em uso no país”.

Para chegar ao produto, os pesquisadores envolvidos no projeto desenvolveram um novo algoritmo de controle para a automatização da aplicação de agrodefensivos e trabalharam em atividades de modelagem para sua validação em ambiente simulado.

Com o resultado, a empresa trabalha agora na certificação da linha de produtos junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), na produção de lotes para campanhas comerciais e na fabricação e criação de itens de demonstração, treinamento e divulgação para representantes. Para isso, o projeto Desenvolvimento técnico e comercial da linha de produtos para navegação e automação da aplicação de agrodefensivos em aeronaves agrícolas contou com apoio da FAPESP na modalidade Finep-PAPPE-PIPE III.

“Esperamos agora obter sucesso na comercialização da inovação da linha de produtos, atingindo uma fração do mercado de aviação agrícola ao oferecer a automatização da aplicação de defensivos agrícolas visando o equilíbrio econômico, social, ambiental e de segurança”, afirmou Nicodemos.

De acordo com o Registro Aeronáutico Brasileiro da Anac, todas as aeronaves registradas no Brasil em 2010 possuíam equipamentos básicos de navegação, mas apenas duas fabricantes estrangeiras eram responsáveis por 90% deles.

Para Nicodemos, a saída está no desenvolvimento nacional da agricultura de precisão, com sistemas eletrônicos embarcados de orientação e navegação em veículos terrestres e aéreos, como pulverizadores, tratores, colheitadeiras e aeronaves agrícolas.

“O mercado brasileiro ainda se encontra no patamar do controle manual da aplicação de agrodefensivos, utilizando componentes majoritariamente mecânicos, sendo o acionamento manual da válvula de abertura feito pelo piloto, que inicia e interrompe o processo a cada aplicação. Trata-se de um processo pouco preciso e que oferece pouca segurança”, avalia.

Fonte: Agência FAPESP

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