| Em 09/12/2015

Estudo mostra os desafios da inserção de deficientes no mercado de trabalho

No dia 3 de dezembro, comemorou-se o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, instituído pela ONU desde 1998. O que nos leva a questionar quantos pessoas com deficiência vemos no mercado de trabalho? Segundo a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), os que estão empregados, em 2013, corresponde a 0,73% (357,8 mil) do total.  Ainda que, no cumprimento da Lei de Cotas, de 1999, as organizações têm a obrigação de inserir pessoas com deficiência, a resistência à inclusão ainda é percebida.

Para entender o tema, a psicóloga Maria Nivalda de Carvalho Freitas, da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ), desenvolveu o projeto “Crenças e atitude frente ao acesso e permanência de pessoas com deficiência no mercado de trabalho”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). A pesquisadora espera que o resultado dessa investigação contribua para oferecer indicações que ampliem a participação dessas pessoas no mercado de trabalho.
Barreiras

Em pesquisas anteriores, Carvalho-Freitas menciona que os estudos indicam as dificuldades no processo de inserção no trabalho, como a falta de conhecimento dos direitos, as dificuldades no acesso à educação formal e aos programas de qualificação profissional, o receio em buscar um emprego e abrir mão de benefícios já adquiridos e o sentimento de discriminação.

Foram realizados três estudos com pessoas com deficiência que estavam fora do mercado formal de trabalho. Os resultados apontaram que as informações referentes aos programas de capacitação são de difícil acesso e há dificuldades relacionadas ao acesso à educação e ao transporte.

A pesquisadora explica que, ao mesmo tempo que eles enxergam o trabalho como forma de crescimento pessoal e contribuição para a sociedade, o mercado ainda é visto como um local a se temer, pois é mais seguro manter o salário mínimo recebido do Benefício de Prestação Continuada (BPC).

 

Pontos relevantes

Com as pessoas com deficiência que trabalham formalmente, foram realizadas pesquisas em três diferentes instituições para verificar a satisfação, a socialização organizacional e o comprometimento com a organização. Os resultados apontaram que as pessoas estavam satisfeitas com praticamente todos os fatores investigados, mas desejariam ter mais perspectiva de crescimento profissional. Percebeu-se a importância da socialização primária, especialmente o apoio da família.

Quanto ao comprometimento, entendeu-se que os aspectos organizacionais asseguram a manutenção da qualidade de vida no trabalho de pessoas com e sem deficiência.  Constatou-se também que as empresas têm priorizado as modificações que eliminem barreiras físicas, ao invés de definir políticas internas, estabelecer procedimentos, e aumentar o diálogo.

 

Resultados

Diante dos resultados até o momento e dos novos desafios do projeto, a professora acredita que “não é possível saber se a sociedade irá caminhar a construção de um mundo acessível a todos ou se as resistências irão se recalcitrar e a exclusão irá permanecer, mas a tensão abre possibilidades de transformação. Isso, por si só, já é um grande avanço no sentido de buscar maior humanização das relações de trabalho”, conclui.

Contato

Projeto com apoio da FAPEMIG: Crenças e atitude frente ao acesso e permanência de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

Coordenadora: Maria Nivalda de Carvalho-Freitas

Departamento de Psicologia – Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ)
Tel.: (32) 3379-2457/ 3379-2584

 

Fonte: Assessoria de Comunicação da FAPEMIG

Leia também

Em 05/05/2025

Pesquisa na área de hipertensão leva à formulação de tônico contra a calvície

Robson Augusto Souza dos Santos, pesquisador do Departamento de Fisiologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (ICB/UFMG), é categórico quando começa a contar sua trajetória. “Dificilmente você se senta na bancada e fala: eu vou inventar um medicamento! Isso vem como consequência. Vem com o interesse por um processo, peptídeo […]

Em 02/05/2025

Com apoio da Fundect, campo experimental avalia sustentabilidade agrícola na Rota Bioceânica em Porto Murtinho

Projeto de pesquisa liderado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) está avaliando a sustentabilidade de diferentes culturas para recuperação de pastagens degradadas em Porto Murtinho (MS), município estratégico na Rota Bioceânica. A iniciativa é resultado da criação da primeira Unidade Experimental de Pesquisa da rota, com investimento de R$ 1,5 milhão da […]

Em 01/05/2025

Dispositivo inovador garante eficácia na odontologia a pacientes com deficiência ou comportamento difícil

A saúde bucal de pessoas com deficiência e/ou comportamento difícil apresenta muitos desafios, especialmente quando se trata da realização do atendimento odontológico e manutenção da saúde bucal, de forma adequada e segura. Com o objetivo de solucionar esse problema, a pesquisadora e cirurgiã-dentista Ana Cecília Moreira desenvolveu o Abreboca, dispositivo inovador destinado a abrir – […]

Em 30/04/2025

Investimentos em inovação e tecnologia no agro aéreo vai impactar em ganhos e menos acidentes fatais

Com o objetivo de alcançar avanços na tecnologia aeronáutica paranaense, foi lançado na sexta-feira (25), o Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Aeronaves de Pequeno Porte. O foco inicial das pesquisas é o avião agrícola de pulverização não tripulado. O projeto visa, inicialmente, o voo remotamente pilotado do AgroVANT (uma aeronave de pulverização agrícola, […]