| Em 19/10/2016

Pesquisadores estudam qualificação de gestores e trabalhadores do SUS

O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado em 1988 pela Constituição Federal Brasileira e foi estruturado para ser um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Seu objetivo é garantir acesso integral, universal e gratuito para toda a população do País. O projeto “Educação Permanente em Saúde: processo de gestão e formação num núcleo regional de saúde do Mato Grosso do Sul” foi aprovado na edição de 2013 do edital específico para seleção de projetos de pesquisa para o SUS em Mato Grosso do Sul (PPSUS-MS) promovido pela Fundect e é coordenado pela professora da Universidade Federal da Grande Dourados, Sandra Fogaça Rosa Ribeiro. O produto principal foi uma cartilha propositiva e a criação do site redetrabalhoesaude.wix.com/rede.
Para elaboração da cartilha foi necessário encaminhar a análise de todo o material coletado – trabalho realizado em reuniões quinzenais pelo grupo de pesquisadores, que privilegiaram as reflexões e discussões grupais, em detrimento de divisão das tarefas, o que iria em um sentido contrário ao que propõe os princípios da Educação Permanente em Saúde (EPS).

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Nas discussões realizadas, alguns dados levantados se destacaram. A respeito da EPS,  muitas  dúvidas se revelavam, sugerindo a necessidade de informação sobre o tema para os sujeitos envolvidos, legitimando a importância da cartilha educativa sobre o assunto. Alguns gestores mencionaram que passam a maior parte do tempo envolvidos em atividades burocráticas, o que dificulta se aprofundarem em alguns setores da saúde, bem como na política de Educação Permanente em Saúde.Observou-se o desconhecimento de detalhes dessa política e das necessidades de cada local.  
Outro problema detectado foi a confusão entre a educação continuada e educação permanente em saúde entre os profissionais de saúde, embora conheçam melhor sobre o assunto do que os gestores. Outra questão enfatizada entre os profissionais de saúde foi a  dificuldade da Educação Permanente em Saúde ser bastante verticalizada, às vezes as propostas são impostas, comprometendo a autonomia dos profissionais de saúde.A EPS é uma formação que acontece no dia a dia, dentro dos serviços, mas não é legitimada. São estratégias que promovem reflexão e autoavaliação na prática cotidiana. Comentou-se que geralmente não há quem direcione essa política nos municípios e que, muitas vezes, há pouco investimento pelo fato de não trazer resultados imediatos.

Quanto à relação da EPS com a saúde mental do trabalhador, os sujeitos expressaram que o fato das pessoas poderem falar em momentos onde se reúnem para melhoria de sua formação colabora, favoravelmente para a saúde mental. Correlacionando com a psicodinâmica são necessários espaços públicos de discussão para que o trabalhador ressignifique o conteúdo de seu trabalho e haja transformação da realidade. O fato das pessoas se sentirem melhor quando discutem  questões do trabalho, para melhorar suas ações, demonstra que a psicodinâmica do trabalho tem contribuições valiosas a oferecer sobre o tema.

Foi evidente a relevância desta pesquisa que buscou entender como o processo de educação em saúde, formação e qualificação de gestores e trabalhadores de saúde tem ocorrido, em meio a transformações na organização do trabalho no setor público. Dessa forma, a investigação dos processos educativos em saúde, envolvendo a formação permanente de  gestores e trabalhadores, proporcionou o encaminhamento de um Projeto de Extensão “Educação Permanente em Saúde: oficinas de formação”, que potencializará a aplicabilidade dos resultados para os trabalhadores do Sistema Único de Saúde.

“Esta pesquisa estudou o processo de educação em saúde, formação e qualificação de gestores e trabalhadores de saúde, em meio a transformações na organização do trabalho no setor público. Foi necessário investigar os processos educativos em saúde, envolvendo a formação permanente de gestores e trabalhadores, considerando que a constante qualificação desses atores repercute de forma direta na assistência a saúde prestada aos usuários”, explica Sandra.

A metodologia qualitativa privilegiou a dimensão subjetiva dos fatos, considerando a natureza biopsicossocial e possibilitando a apreensão dos significados contidos nos discursos dos sujeitos. Os resultados foram organizados a partir da leitura do material coletado nos grupos focais e nas entrevistas, elencando quatro categorias de análise: gestão do trabalho; formato da educação permanente em saúde; saúde mental do trabalhador e EPS – os dois lados da moeda; e trabalho em rede.

“É importante pontuar que a pesquisa deve ser considerada como um recorte no tempo e no espaço, e que o SUS como um sistema amplo e complexo nunca será plenamente conhecido. O trabalho e os processos de gestão são dinâmicos e estão sempre em mudança, sempre haverá mais cenários para serem explorados e repensados, e outras pesquisas ainda precisam ser realizadas”, afirma Sandra.

Texto: Bianca Iglesias Motta – FUNDECT
Imagem: Cartilha Educação Permanente e Redes de Trabalho no SUS

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