Mais de 450 pessoas, entre estudantes, professores e pesquisadores do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina participam da 5ª Conferência Regional Sul de Ciência, Tecnologia e Inovação, que nesta edição acontece no Paraná. O evento é realizado na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em Curitiba, e foi aberto nesta quinta-feira (25), com a presença do secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Inácio Arruda, e representantes dos governos estaduais da região Sul do Brasil.
A programação se estende até esta sexta-feira (26) com painéis temáticos, grupos de trabalho e sessões plenárias envolvendo toda a comunidade científica. Participam instituições de ensino superior públicas e privadas, representantes do setor produtivo e ambientes promotores de inovação para discutir propostas de curto, médio e longo prazo para a ciência brasileira.
Com o tema Justiça, Sustentabilidade e Desenvolvimento, os participantes debatem, nestes dois dias, sugestões elencadas nas conferências estaduais, realizadas entre março e abril deste ano. O documento compilado será usado para elaborar a nova Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI), para o período de 2024 a 2030.
O secretário Inácio Arruda observou que, dos eventos regionais, esse é o maior, mostrando a grande mobilização do Sul. “Bateu todos os recordes”, disse Arruda. Ele avaliou o papel da ciência e tecnologia para a soberania do país e para responder dilemas sociais, como segurança, urbanização e preservação ambiental.
“Podemos recuperar e manter a produção de riquezas, expandir a infraestrutura, olhar adiante, para uma nova etapa da industrialização brasileira, contribuindo no processo produtivo e na distribuição de riquezas. Não tenhamos medo de colocar a ciência na mão do povo. Temos que atrair talentos de fora, mas reconhecer os que estão no país com grandes programas nacionais e, assim, colocar a ciência no topo do projeto de desenvolvimento brasileiro”, afirmou.
O presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), instituição ligada ao MCTI, Fernando Rizzo, discorreu sobre o crescimento da participação dos estados do Sul no desenvolvimento da ciência e tecnologia. “A integração entre os estados facilita a vitória frente aos desafios”, disse ele, destacando a ampliação do uso da inteligência artificial e seus impactos na ciência e no aprendizado. “Não dá para usar soluções antigas para problemas novos, por isso estas discussões são tão importantes.”
Cenário Regional – O primeiro painel apresentou o cenário da produção científica no Brasil. O secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti), Aldo Nelson Bona, ressaltou o protagonismo do Estado em fazer com que todos os ativos tecnológicos tenham os melhores resultados. “Isso passa pelo financiamento ampliado, que foi de R$ 100 milhões para R$ 718 milhões no fomento da ciência e tecnologia em áreas importantes, como biotecnologia, saúde, agricultura, agronegócio, desenvolvimento sustentável e transformação digital.”
Para a secretária de Estado da Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Simone Stülp, o encontro é essencial para a construção da política nacional do setor, com a criação de estratégias conjuntas. “Precisamos pensar em estratégia de desenvolvimento consolidada para o país, tanto para aspectos econômicos quanto sociais. Em especial, com a participação da academia, universidades, empresas e setor produtivo, assim como o papel fundamental do poder público na articulação destes processos e a vinculação com a sociedade civil organizada.”
A importância das etapas estaduais e da regional da Conferência foi enfatizada por Diogo Quintino, diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Inovação de Santa Catarina (SCTI). “Nas conferências estaduais conseguimos levantar os desafios para entender como funciona todo o eixo de inovação e, a partir disso, num cenário regional, criar políticas públicas conectadas para acelerar o movimento científico e tecnológico nos três estados.”
Amparo à Pesquisa – No segundo painel os presidentes das Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) do Rio Grande do Sul (Fapergs) Odir Dellagostin, de Santa Catarina (Fapesc) Fábio Wagner Pinto e da Fundação Araucária Ramiro Wahrhaftig destacaram as principais ações e desafios do amparo à pesquisa na região Sul do Brasil.
“As FAPs são ativos responsáveis por grande parte do investimento na área de inovação dos estados. Possuem um amplo capital intelectual que atua no reconhecimento de desafios e oportunidades, e que também pode ser reconhecido por meio do crescimento e incentivo das pesquisas. As FAPs da região Sul são exemplos de agentes indutores do trabalho integrado e do fortalecimento de estudos focados nas reais necessidades da sociedade”, ressaltou Ramiro Wahrhaftig.
Odir Dellagostin, também presidente do Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (CONFAP), enfatizou que as FAPs estão muito articuladas e participativas na organização das conferências em todos os estados. “Todas as FAPs estão mobilizadas e no CONFAP nós estamos discutindo os temas de forma ampla. Vemos a necessidade de uma maior articulação entre as políticas estaduais e federais de amparo à pesquisa. Nós precisamos que as agências federais enxerguem os estados e considerem as especificidades e diferenças que há entre os estados e formulem políticas com este olhar regionalizado”, afirmou o presidente do CONFAP.
Nos dois dias de Conferência, os participantes formam grupos de trabalho e discutem temas como: reindustrialização e apoio à inovação empresarial; programas e projetos estratégicos; desenvolvimento social; popularização da ciência; e expansão do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. A programação prevê, ainda, painéis temáticos, grupos de trabalho e sessões plenárias deliberativas para votação de proposições para a ciência brasileira.
A iniciativa também contribui para a definição de políticas públicas em nível estadual. No Paraná, o debate articula ações de parceria e cooperação alinhadas ao Plano Plurianual, voltadas para uma economia com base no conhecimento.
Paraná Faz Ciência – Durante a abertura da Conferência, o Governo do Paraná anunciou investimentos de R$ 1,5 milhão para a organização do “Paraná faz Ciência”, a semana estadual da ciência e tecnologia, que precede a semana nacional, em outubro, na Universidade Estadual de Maringá (UEM). O secretário Aldo Bonna ainda destacou os R$ 30 milhões investidos pelo Estado na construção de uma rede de conectividade, ligando todos os ativos tecnológicos públicos do Paraná, com internet de altíssima velocidade e super computadores montados nas universidades brasileiras, o que possibilitará uma grande infraestrutura de pesquisa.
Etapas – Em todo o Brasil, as conferências regionais de CTI são parte integrante da conferência nacional, que será promovida pelo MCTI entre 4 e 6 de junho, em Brasília. Esse evento maior envolve a articulação de mais de 40 instituições e oito ministérios. As conferências das regiões Sudeste e Norte aconteceram nos dias 11 e 12 de abril, em Vila Velha (ES), e 18 e 19 de abril, em Manaus. Depois da regional Sul estão previstos os eventos do Centro-Oeste, em 29 e 30 de abril, em Goiânia (GO) e do Nordeste, em 2 e 3 de maio, em Recife (PE).
Parcerias – A 5ª Conferência Regional Sul de Ciência, Tecnologia e Inovação é coordenada pelo Governo do Paraná, por meio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). O evento conta com a parceria dos governos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, por meio das respectivas pastas de CTI. No Paraná, a organização reúne outras instituições, como a Secretaria da Inovação, Modernização e Transformação Digital (SEI), a Fundação Araucária e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), escolhida para sediar o evento.
A programação conta, ainda, com contribuições de diferentes instituições de ensino superior públicas e privadas. Os painéis e palestras são transmitidos pelo canal no YouTube da UVPR e do MCTI.
Fonte: Fundação Araucária (Por: Ascom-FA)