
Pesquisadores integrantes de projetos científicos de grande complexidade propõem a realização da Conferência Livre: Grandes Projetos de Ciência, Tecnologia e Inovação a fim de inserir propostas de soluções às problemáticas enfrentadas na execução e manutenção de tais empreendimentos no âmbito da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. O evento está agendado para os dias 18 e 19 de abril, em configuração presencial e virtual, no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP).
A expectativa prioritária do grupo é a consolidação de uma estratégia nacional para os grandes projetos científicos. Mesmo desenvolvendo ciência, tecnologia e inovação em áreas distintas, os pesquisadores enfrentam problemáticas comuns; entre eles, a instabilidade de recursos financeiros a longo prazo ou a governança dentro de um modelo de negócios que permita a sustentabilidade operacional dos projetos. Em termos de recursos humanos, o desafio é manter um corpo de pesquisadores capacitados, com remuneração compatível, uma vez que o mercado internacional absorve esses candidatos com ofertas irrecusáveis.
Dentre os integrantes deste grupo de cientistas estão Amílcar Rabelo (UFCG), do projeto em astrofísica/cosmologia para a construção do radiotelescópio Bingo, e José Roque (CNPEM), à frente do SIRIUS. Eles conduzem os debates entre pesquisadores que utilizam infraestrutura científica complexa em seus trabalhos como Edgard Morya (Instituto Santos Dumont), Isolda Costa (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – Ipen), Wilson Calvo (Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN), Thomas Lewinsohn (Unicamp/PELD), Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), Claudia Mendes (Telescópio Gigante Magalhães – GMT), Wagner Corradi ( Laboratório Nacional de Astrofísica – LNA), Ignacio Bediaga (Rede Nacional de Física de Altas Energias – Renafae), e secretários, diretores e analistas de diversos ministérios e agências de fomento.
Para Amílcar Rabelo, em consenso com os demais cientistas, “há uma necessidade de definir claramente o que são grandes projetos de CT&I no Brasil. Só para citar alguns poucos exemplos, há as grandes infraestruturas, como o SIRIUS; as grandes colaborações/associações internacionais, como a participação do Brasil no CERN; há as grandes redes nacionais, como o PELD. Estes grandes projetos demandam uma abordagem diferenciada por parte dos entes públicos, das agências de fomento, de maneira a garantir a continuidade de longo prazo da pesquisa”.
Questões críticas serão antecipadas durante lives semanais
Na iminência de estruturar recomendações sólidas a serem encaminhadas para a Secretaria Geral da 5ª CNCTI, na noite de quarta-feira, 27/03 foi realizada a primeira Pré-Conferência Livre: Grandes Projetos de CT&I, em formato online, transmitida pelo canal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação no YouTube. Neste episódio o professor José Roque, do CNPEM, apresenta experiências na trajetória de construção do projeto Sirius, um acelerador de partículas com aplicações em diversas áreas do conhecimento.

O Brasil abriga iniciativas científicas com presença no mapa de competitividade pela liderança mundial em pesquisas como o projeto Sirius, o radiotelescópio Bingo-Abdus, Reator Multipropósito (RMB), o laboratório de máxima contenção biológica, conhecido como NB4. Durante a exposição sobre o projeto Sirius na pré-conferência, José Roque é veemente na afirmação de que são projetos irreversíveis – estruturas que iniciam as operações e precisam de fluxo constante de recursos humanos e financeiros para que sejam mantidas. “Um grande projeto como esse (o Sirius), tem uma característica importante que é a internacionalização. E mais do que isso, é o respeito que a ciência brasileira vai adquirindo mundo à fora”. A presença brasileira no cenário mundial da ciência não é um fator indicativo nas avaliações institucionais dos projetos, mas tem relevância na competitividade internacional.
As questões norteadoras nos próximos debates que culminarão na “Conferência Livre: Grandes Projetos de CT&I”, a ser realizado na sede da CNPEM em Campinas-SP, nos dias 18 e 19 de abril, são: como aprimorar os mecanismos de financiamento; definir modelos de planejamento e gestão de grandes Infraestruturas – qual o roadmap para essas instalações? Como agilizar dentro dos marcos legais e regulatórios a execução orçamentária e de fiscalização desses projetos? Como financiar e garantir a estabilidade de longo prazo na operação e manutenção desses projetos?
Com o intuito de desenvolver massa crítica em torno desses itens, estão planejadas novas pré-conferências online semanais, sempre às quartas-feiras, a partir das 19h, até a reunião definitiva em Campinas.
Fonte: CNPEM (Por: Márcia Dementshuk)